21 de novembro de 2013

O Controlo Pessoal pela Palavra de Deus

“Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.” (Provérbios 25:28)

Introdução:
Nos tempos antigos o muro de uma cidade era a sua maior defesa. Sem muro a cidade estava à disposição dos seus inimigos.
Mais ou menos isso acontece hoje nas grandes cidades – as casas estão cercadas por grades – nos sentimos seguros por causa das grades e trancas.
Autocontrolo ou o domínio próprio é o muro de defesa que se opõe aos desejos pecaminosos que fazem guerra contra nossa alma. Sem autocontrolo a pessoa se torna presa fácil para qualquer espécie de invasor.
Uma boa definição para domínio próprio pode ser: o governo dos próprios desejos; a habilidade de evitar excessos e viver dentro de limites saudáveis.
O domínio próprio está muito relacionado com uma decisão interior de fazer o que muitas vezes não se tem vontade.

Por exemplo: As pessoas raramente sentem-se motivadas a estudar a Palavra de Deus regularmente. Existem tantas outras coisas mais fáceis de fazer, como por exemplo, assistir TV, ler uma revista ou jornal, ler um livro, conversar sobre a vida de outros, navegar na internet, etc.

Por isso, é necessário uma decisão pessoal interna e uma postura externa – “vou levantar, pegar a Bíblia, um caderno de anotações, vou sentar na sala e vou estudá-la”. Isso não soa muito espiritual, porque quase tudo na vida cristã tem um som romântico.

1.      Que disse São Paulo?
Rª: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1ª Coríntios 9:27
Nota:  Domínio próprio deve ser alvo da nossa atenção porque estamos literalmente numa guerra quando pensamos nos desejos pecaminosos que tentam nos subjugar.

2.      Como descreve São Tiago os desejos que nos arrastam e seduzem?
Rª: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.” Tiago 1:14

3.      São Pedro fala de uma guerra. Onde se dá essa guerra?
Rª: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma.” 1ª Pedro 2:11

4.      Como define São Paulo os desejos?
Rª: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano.” Efésios 4:22
Nota: O que torna estes desejos pecaminosos tão perigosos é que eles moram dentro dos nossos corações e nem sempre têm uma aparência ruim.
Os tradutores da Bíblia usaram a expressão “domínio próprio” para traduzir duas diferentes palavras do original bíblico.
4.1  A primeira está na lista do Fruto do Espírito – domínio próprio = moderação/temperança - em relação ao ataque dos desejos e apetites – o significado é de força interior – quer dizer a força de caráter que capacita as pessoas a controlarem as paixões.

4.2  A segunda palavra traduzida por “domínio próprio” denota mente sólida/ julgamento sólido.
Os significados completam- se. Um julgamento sólido, seguro nos capacita a ver o que e como algo deve ser feito; força interior providencia a vontade de fazer. Isso nos traz uma definição final:  “Domínio próprio é o exercício da força interior sob orientação de um julgamento sólido que nos capacita a fazer, pensar, e falar coisas que irão agradar a Deus”.

5.     Três áreas que precisam ser dominadas: corpo, pensamento e emoções.

5.1 Como dominar o nosso corpo? (honrar a Deus com o corpo)
Rª: “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” Génesis 2:9
Nota: Deus criou-nos com o senso de prazer. Não há dúvidas que foi a intenção de Deus que nós tivéssemos prazer físico na nossa existência com as com coisas que ele mesmo providenciaria para nós.

5.1.1 Que conselho nos dá a Palavra de Deus?
Rª: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos.” 1ª Timóteo 6:17
Nota: Deus é que providencia a satisfação e não nós próprios. Certamente, por buscar a satisfação pessoal os nossos desejos se corromperam, aquelas coisas que Deus pretendia que fossem para nosso deleite, acabam tendo a tendência de dominar as nossas vidas.

Por isso, o domínio próprio do corpo deve ser focado em três áreas principais de tentação física: Glutonaria – comida e bebida; preguiça/falta de descanso/desleixo com o corpo e imoralidade sexual.

5.1.2 O que nos dá Deus de forma tão graciosa?
Rª: Deus nos dá graciosamente comida e bebida – temos prazer no comer e beber. Só que nós nos deixamos dominar. E isso resulta em daí glutonaria e a bebedice. Nós supervalorizamos a comida – há pessoas que literalmente vivem para comer – e o prazer passa a dominar as suas vidas.
Com a bebida é a mesma coisa – começa como prazer e passa para o vício. A Bíblia nos orienta a comer e a beber para a glória de Deus.
Orientação de Deus: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1ª Coríntios 10:31

Nota: Deus deu, para nosso deleite, o descanso – e aí, ou não descansamos ou nos entregamos à preguiça. Alguns abusam do seu corpo não lhe dando quase nenhum descanso; outros, não se cuidam, não dão ao corpo nenhum exercício sequer; outros acham que nasceram para descansar e devem ir ter com as formigas, pois são totalmente preguiçosos.

5.1.3 O nosso corpo é o templo do Espírito Santo – tratar mal o corpo é pecado.
Ver texto bíblico: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?"  (1ª Coríntios 6 : 19)

Do mesmo modo o sexo - dele vem a imoralidade. O padrão estabelecido por Deus nesta área é muito simples e claro. Absoluta abstinência fora do casamento e total fidelidade dentro do casamento. Qualquer outro caminho ou justificativa resultará em imoralidade.
Vimos que domínio próprio é viver dentro dos limites estabelecidos por Deus. Aí está uma área que merece toda nossa atenção, porque não existem limites para o mundo quando se fala de sexo.

5.2 Que disse São Paulo sobre o domínio do pensamento? (Levar cativo todo e qualquer pensamento)
Rª: “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.” 2ª Coríntios 10:5
Nota: Nós devemos levar cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
Ter domínio dos pensamentos significa entreter as nossas mentes com pensamentos que sejam aceitáveis a Deus.
5.2.1 E você sabe qual é a melhor maneira de avaliarmos os nossos pensamentos?
São Paulo responde: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8
Nota: Ter domínio dos pensamentos, então, é mais do que apenas recusar maus pensamentos – devemos fazer isso – mas devemos incluir nas nossas mentes pensamentos que venham agradar a Deus.

5.2.2 Como construir muros de protecção?
Rª: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23
Nota: Aqui, o significado da palavra hebraica traduzida por coração, refere-se a toda consciência de uma pessoa: entendimento, emoções, consciência e vontade – entretanto, a advertência é particularmente aplicada à nossa vida de pensamentos.
A tarefa de dominar pensamentos é árdua, mas importante. É a partir dos nossos pensamentos que as nossas emoções e ações começam – então, é justamente lá que os desejos pecaminosos plantam as suas raízes e nos seduzem ao pecado.
As nossas mentes são como estufas mentais onde pensamentos ilegítimos, uma vez plantados, são nutridos e regados antes de serem transformados em ações ilegítimas. Raramente nós caímos subitamente na imoralidade ou glutonaria. Estas ações são primeiramente saboreadas nas nossas mentes antes de serem satisfeitas na realidade.
Os portões dos nossos pensamentos são com certeza os nossos olhos e ouvidos. Acã viu a capa e o dinheiro, cobiçou. (Josué 7.21)
O que nós vemos, lemos ou ouvimos normalmente determina o que pensamos. Memória também tem grande parte de responsabilidade pelos nossos pensamentos, mas ela só guarda e traz de volta aquilo que originalmente veio para as nossas mentes através dos olhos e ouvidos.
5.2.3 Não somos capazes de criar muros sem a ajuda de Deus. Devemos rogar-Lhe que nos ajude.
Ler: (Salmos 139:2) – “Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.”
Nota 1: Então, guardar o nosso coração começa quando começamos a guardar os nossos olhos e ouvidos.
Isso quer dizer que nós não devemos permitir que a lascívia, o materialismo, a inveja, a ambição egoísta entrem em nossas mentes.
Então, devemos nos precaver contra programas de TV, filmes, revistas, artigos de jornais, propagandas e conversação que levantem estas coisas.
E nós devemos não apenas evitar estas coisas, mas como Paulo instrui a Timóteo: “Fuja destas coisas”.
 Ninguém está isento da necessidade de exercitar domínio próprio.
(Salmos 139:3) – “Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.”
Nota 2: Sem criar pânico, deveríamos evitar ao máximo o contato com coisas que vão destruir as muralhas de proteção da nossa mente - permitindo que não nos consigamos controlar.
De longe Deus percebe os nossos pensamentos e antes que a palavra chegue à nossa língua.
É muito interessante que nós permitimos em nossas mentes o que nós não permitimos nas nossas ações, porque outras pessoas não podem ver os nossos pensamentos. Mas Deus os vê.

5.3. Como controlar as nossas Emoções? (Refreando as emoções)
Nota: As emoções que devemos controlar são principalmente a raiva e fúria, os ressentimentos, a auto-compaixão e a amargura.
Os sentimentos podem ser explosivos como um génio descontrolado; ou pode ser velado, como a autocomiseração – ambos desagradam a Deus e devem ser alvos do domínio próprio.
Segundo a Palavra, um génio explosivo é uma contradição na vida daqueles que estão procurando praticar a vida cristã de forma piedosa.
É um problema não apenas porque isso demonstra que a pessoa é desgovernada, mas principalmente porque em geral a situação acaba por ferir as pessoas que são os “recipientes” da explosão, quebrando o respeito, criando amargura e destruindo relacionamentos.
5.3.1 Como controlar a emoções segundo a Bíblia?
Rª: “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Provérbios 16:32
Nota 1: Depois da crise e da ira – vem um sentimento de vergonha – pois na maioria das vezes, uma pessoa descontrolada é no mínimo ridícula.
Se você tem lutado contra este sentimento que faz você explodir, tente identificar as coisas que o levam a perder o controlo – avalie com Deus estas coisas e submeta-se à Palavra de Deus, pagando o preço da construção de uma muralha que vai proteger você de cair.

Nota 2: Embora não tão prejudiciais aos outros, o ressentimento, a amargura e autocomiseração podem ser muito destrutivos para nós mesmos e para o nosso relacionamento com Deus. O génio explosivo é de certa forma aliviado quando é derramado sobre os outros a raiva; enquanto esses outros sentimentos vão corroendo a pessoa por dentro como se fosse um câncer, desonrando a Deus e destruindo a saúde espiritual.
Devemos manter as nossas emoções com rédea curta. Devemos trabalhar decididamente com elas quando elas surgem nos pensamentos e não dar corda a eles.

6.      Como construir a muralha de protecção?
Rª: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Salmos 119:11
Nota: A ênfase na luta pelo domínio próprio poderia ser a palavra crescimento. E este é um processo que exige tempo, paciência, persistência, boa vontade – e compreensão de que todos estão no mesmo barco – a única coisa que difere é que uns lutam numa certa área outros lutam em outras – mas todos estão lutando.

Às vezes, somos tentados a julgar os outros por não se terem dominado numa área em que nós não temos problemas. Somos tolerantes conosco em nossas lutas e intolerante com os outros nas lutas deles.
Devemos lembrar: Que todos estão a lutar e a crescer.
O que temos que construir é uma mente sólida para um julgamento sólido. E a palavra de Deus é essencial neste processo.
E é o que estamos a dizer desde o inicio deste estudo. A Palavra de Deus é fundamental para o crescimento, para a santidade e para a renovação espiritual.
Alguém disse “A palavra de Deus vai mantê-lo longe do pecado, ou o pecado vai mantê-lo longe da Palavra de Deus”.

Lembre-se: o domínio próprio é tomar a decisão de estabelecer limites baseados na Palavra.
Os conceitos da Palavra de Deus vão construir uma proteção que nos habilita a dominar os ataques que querem levar-nos a perder o domínio.
Ter domínio próprio é ser totalmente dominado por Deus, só podemos ser dominados por Deus se a Palavra dominar as nossas vidas.

7.      Então, como podemos ter uma mente segura?
Rª: “O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.” Provérbios 27:12
Nota: O prudente percebe o perigo e busca refúgio, mais uma vez - é na Palavra que vamos fazer o julgamento seguro.
Uma mente segura vai enfrentar de frente os desejos agradáveis que nos levam a perder o domínio e identificar que ser dominado por eles desagrada a Deus. (Identificar o problema).
Devemos perceber que a batalha a ser vencida na área do domínio próprio começa nas nossas mentes; Devemos preencher as nossas mentes com a palavra de Deus, com louvor - e tirar aqueles pensamentos que só nos levam à derrota.
A oração é um grande aliado para que a muralha da força interior - que será construída pela palavra de Deus - seja uma muralha sólida.
O verdadeiro domínio próprio mantém a pessoa nos limites, mas nunca amarrada/presa, seu efeito é expandir e dar verdadeira liberdade.

Conclusão:
Quem é dominado por Deus experimenta a verdadeira liberdade.
Temos uma grande e difícil jornada e a caminhada será muito mais tranquila se nós mesmos não formos os nossos problemas.
Vamos pedir a Deus a capacidade de sermos dominados completamente pelo Espírito Santo.
Só assim teremos domínio próprio. Que Deus abençoe todos quantos leram este estudo em Jesus. Amem!

José Carlos Costa, pastor