29 de outubro de 2011

HISTÓRIA DO DOMINGO E SÁBADO

O domingo, por fundamentação bíblica e etimológica, é considerado o primeiro[1],[2] dia da semana, seguindo o sábado e precedendo a segunda-feira, é um dia de descanso para a maioria das pessoas no mundo ocidental.
A palavra é originária do latim dies Dominicus.
Povos pagãos antigos reverenciavam os seus deuses dedicando este dia ao astro Sol o que originou outras denominações para este dia, em inglês diz-se Sunday, e no alemão Sonntag, com o significado de "Dia do Sol".
Paganismo
Por ser Roma uma cidade cosmopolita e sede de um vasto império, afluíram a ela povos de diversas culturas, que incluíam na bagagem cultural inúmeras crenças, as quais eram recebidas e reconhecidas pelos romanos. Entre elas, ter-se-ia associado às crenças dos latinos, sabinos e etruscos a reverência ao primeiro dia da semana.
Noutras línguas e países, ainda permanecem expressões oriundas de cultos pagãos e deuses mitológicos antigos, como aqueles oriundos dos babilónicos, com base no fato do 1º dia a semana ser dedicado ao deus Shamash, o Sol (o senhor do culto solar) segundo as crenças daquele povo, bem como dos assírios e egípcias, que reverenciavam como deus maior o sol, o deus Rá, conforme foi também comentado por Gerald Messadié, em História Geral do Antisemitismo[carece de fontes?]. Sem contar os tantos outros povos adoradores do Sol, como as civilizações anteriores a Cristóvão Colombo das Américas. [carece de fontes?]
Cristianismo
O Imperador Constantino provocou uma divergência de opinião sobre a questão se deve ser o sábado ou o domingo o dia observado como dia de descanso.[3] A divergência não se aplica aos judeus, para quem o dia de descanso (Shabat) é incontestavelmente no sábado, nem para os muçulmanos cujo dia sagrado (jumu'ah) é em uma sexta-feira. A divergência entre a tradicional observância religiosa judaica do Shabat e ao respeito ao primeiro dia da semana aparece com o surgimento oficial da apostasia (ano 325) pelo Imperador Constantino que impõe o dia do sol, venerado pelo pagãos, sobre o sábado biblico, respeitado ainda pelo cristianismo dos primeiros discípulos, de modo a introduzir o povo pagão dentro do catolicismo e assim unificar todo o povo do seu império, baseando-se numa passagem biblíca que está na Bíblia em Atos
20:7 onde os discípulos se reuniram no "primeiro dia da semana e partiram o pão" juntos.
Segundo os evangelhos, Jesus Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana (Mateus 28:1, Marcos 16:2, Lucas 24:1, João 20:1). Oito dias mais tarde, Jesus apareceu-lhes uma segunda vez (João 20:26). No fim de quarenta dias, a Bíblia afirma que Jesus subiu ao céu, enquanto observava os discípulos (Atos 1:9) e dez dias depois, no início da festa de Pentecostes, a Bíblia diz que o Espírito Santo impregnou os discípulos de Cristo, que instituiram a Igreja Cristã (Atos 2:1
Em Colossenses 2,16 está escrito "Ninguém vos critique por causa de comida e bebida, ou espécie de luas novas ou de sábados" querendo talvez dizer, ou antes pelo contrário, que os cristãos colossenses não observavam o sábado e nem certas restrições alimentares judaicas, e que por isso, tinham sido julgados por outros, que continuavam observando estas tradições. O próprio Jesus foi criticado por ter deixado de observar tradições alimentares (Mateus 9, 14) e sabáticas (Mateus 12: 1-8, Lucas 6: 1-8, Marcos 2:23-28), embora não podesse ser criticado, pois, era (ainda é) o único que tinha esse poder.
Em 325 d.C., como já vimos, as orientações decididas no Primeiro Concílio de Nicéia, sem qualquer evidencia das escrituras (nenhum relevo foi dado a ele por Cristo ou seus apóstolos), estabelecem universalmente o primeiro dia da semana como dia sagrado, o nome do primeiro dia da semana foi modificado de Prima Feria para Dies Domenica. Decisão mantida pela maioria das denominações cristãs até a atualidade.
A designação teve repercussões geográficas quase dez séculos mais tarde: Cristóvão Colombo, ao chegar pela primeira vez ao Caribe, a 3 de novembro de 1493, mais precisamente à ilha hoje compartilhada pelo Haiti e pela República Dominicana, chamou-a Dominica, por ser um dia de domingo, segundo o calendário juliano então em vigor.
Fonte
A Bíblia fala de um santuário tão antigo quanto a própria humanidade. Esse santuário, embora faça parte do tempo, não se desgasta pelo tempo, e é suficientemente abarcante para acolher todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo. Esse santuário de Deus no tempo é o sábado, qualificado por Abraham J. Heschel como “um palácio no tempo”.1 Mesmo não sendo visto com os olhos físicos, esse santuário está em toda parte, podendo ser adentrado a cada sétimo dia da semana.
A instituição do sábado – Em Gênesis 2 aparece o relato de como foi instituído esse santuário no tempo: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Gênesis 2:1-3.
Deus instituiu o sábado através do tríplice ato de descansar, abençoar e santificar. Houvesse Deus apenas descansado, e dúvidas ainda poderia haver quanto à validade desse descanso para as criaturas. Mas o fato de Ele também haver abençoado (transformando em um canal de bênçãos) e santificado (separando para uso sagrado) esse dia confirma a instituição edênica do sábado para a raça humana.
Sakae Kubo declara, no seu livro God Meets Man, que Deus “escolheu um segmento de tempo” para comungar com as Suas criaturas por três motivos: (1) porque o tempo é universal, e está em toda parte; (2) porque o tempo é imaterial, apontando além do espaço e da matéria para as coisas espirituais; e (3) porque o tempo é todo-abarcante, jamais oscilando em intensidade.2 São essas características do tempo que permitem que o sábado, como um segmento de tempo, chegue igualmente a todos nós (ricos e pobres, cultos e incultos), unindo-nos em uma só família. Não é isso algo maravilhoso?
Significado do sábado – Mas o que significa esse santuário de Deus no tempo para nós hoje, que vivemos no início do século XXI? Eu creio que ele nos revela pelo menos seis coisas fundamentais para a nossa existência.
1. O sábado revela o poder criador de Deus. A origem do sábado está diretamente ligada à poderosa atividade criadora de Deus. O texto bíblico nos diz que no sétimo dia da semana da criação Deus instituiu o sábado, descansando, abençoando e santificando esse dia. O quarto mandamento do Decálogo ordena que o sábado deve ser observado “porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou.” Êxodo 20:11.
A observância do sábado nos convida, negativamente, a deixar de lado nossos “próprios interesses” (Isaías 58:13) e, positivamente, a voltarmos nossa atenção a Deus e à Sua obra. Essa experiência restaura o verdadeiro relacionamento criatura-Criador.
2. O sábado revela a soberania de Deus. O sábado é uma instituição que reflete claramente a vontade soberana de Deus, pois o Criador não buscou o conselho de Suas criaturas para estabelecer o sábado3, e cada sábado inicia, prossegue e termina com base em um ciclo astronômico estabelecido por Deus, independente da vontade humana. Em contraste, a substituição da observância do sábado pela veneração do domingo, por autoridade eclesiástica humana, foi (e continua sendo) um atentado direto à soberania divina.
Observando o sábado, estamos reconhecendo a soberania de Deus em nossa vida e testificando ao mundo que os caminhos de Deus, apesar de nem sempre serem os mais fáceis, sempre são os melhores. A genuína observância do sábado rompe com o fluxo egocêntrico da vida, levando-nos de volta a uma vida centralizada em Deus.
3. O sábado revela a imparcialidade de Deus. Vivemos hoje em uma sociedade tecnológica, caracterizada pela competitividade e pela discriminação. Na frenética corrida da vida, os mais lentos, os mais pobres e os mais ignorantes são simplesmente deixados para trás. Financeiramente, poucos têm muito e muitos têm pouco ou mesmo nada. No mundo das modernas comunicações, a televisão e a Internet têm exercido o duplo efeito de aproximar os distantes e distanciar os próximos. E a busca incessante de astros humanos tem gerado a constante indagação a respeito de quem é “o maior” e de quem é “o melhor”.
Mas esta não é a maneira como Deus age. Quando Ele escolheu um meio para comungar com o homem, não escolheu algo palpável no espaço, que beneficiasse a alguns, em detrimento de outros. Em Sua imparcialidade, Ele escolheu um segmento de tempo, que estivesse universalmente presente em todas as partes.4 O mesmo Deus que “faz nascer o Seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mat. 5:45) também concede o Seu sábado a todos igualmente. Assim, a cada semana irrompe o sábado, como um divino equalizador da humanidade, integrando ricos e pobres, cultos e incultos, em uma só família.
4. O sábado revela o respeito divino ao livre-arbítrio humano. É importante notarmos que, a despeito de o sábado ser universalmente disponível, ele não é imposto a ninguém. A realidade é que podemos existir no sábado, sem que o sábado exista para nós. O próprio mandamento “lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êxodo 20:8) implica (1) que Deus não impõe a observância do sábado às Suas criaturas; (2) que podemos viver durante o sábado sem santificá-lo; e (3) que a santificação do sábado só ocorre quando existe uma resposta humana voluntária e positiva ao gracioso convite divino.
A verdadeira observância do sábado significa um encontro voluntário entre Deus e o homem, mutuamente comprometidos pelo concerto eterno da graça divina. É somente quando há uma resposta humana de fé à iniciativa divina de comungar com o homem, que o sábado atinge seu verdadeiro propósito.
5. O sábado nos ajuda a restaurar o verdadeiro sentido da vida. Vivemos num mundo povoado por pessoas especialistas e desequilibradas. Na gangorra da existência, alguns enfatizam o aspecto intelectual, em detrimento dos demais. Outros investem todas as suas energias no desenvolvimento físico. Já outros vivem apenas pelo social. E existe ainda os que se excluem do mundo para viver somente em função de uma religião mística.
Mas a observância do sábado afeta integralmente o ser humano em todos os aspectos de sua existência (ver Êxodo 20:8-11; Isaías 58:12-14; Mateus 12:12), ajudando-o a colocar suas prioridades onde elas realmente devem estar: em Deus e nos outros (cf. Mateus 22:36-40).
6. O sábado é um conduto das bênçãos divinas. Há aqueles que alegam que a observância do sábado não passa de uma demonstração de legalismo. Isso pode ocorrer, se alguém pretende alcançar méritos para a salvação através da observância do sábado. Mas a verdadeira observância do sábado é, em realidade, o maior antídoto ao legalismo, pois significa deixar de lado nossos “próprios interesses” (Isaías 58:13) para descansar nos méritos da graça divina e nos alegrar nas obras do nosso Maravilhoso Criador-Redentor.
É interessante notarmos quão profundamente ligado à experiência da salvação está o sábado em Hebreus 4. Nesse capítulo o sábado é visto como “o sinal exterior de uma experiência interior”5 de “estar descansando em Deus (cf. Hebreus 4:10), que vem como resultado de estar sendo salvo pela graça ( 4:16), mediante a fé (4:3).”6 A escritora Ellen White declara que, “a fim de santificar o sábado, os homens precisam ser eles próprios santos. Devem, pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Quando foi dado a Israel o mandamento: ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’, o Senhor lhes disse também: ‘E ser-Me-eis homens santos.’”7
Portanto, a verdadeira observância do sábado significa desobstruir a vida dos interesses seculares, possibilitando que as bênçãos divinas fluam copiosamente para nós.
As bênçãos do sábado – Existem pelo menos cinco grandes bênçãos que derivam da verdadeira observância do sábado.
1. Obtemos uma visão mais clara do caráter de Deus. Criado por Deus, o sábado revela o próprio caráter de Deus.
2. Desenvolvemos maior sensibilidade à revelação de Deus na natureza. Instituído na Semana da Criação, o sábado nos lembra a multiforme criação de Deus (animais, aves, peixes, plantas, flores, etc.). Se a natureza foi criada por Deus, como podemos amá-Lo verdadeiramente sem apreciar as obras de Suas mãos?
3. Desenvolvemos a estabilidade existencial que deriva do relacionamento criatura-Criador. A gangorra da vida tende a desestabilizar nossas emoções. Quando somos bem-sucedidos, assumimos muitas vezes uma atitude auto-suficiente. Quando nos saímos mal, frustramo-nos com facilidade. O sábado nos lembra que nossa segurança não está em nossas realizações humanas, mas na dependência do nosso Criador.
4. Aprimoramos o nosso relacionamento social. Rompendo com o nosso egocentrismo natural, o sábado nos convida a viver uma vida alterocêntrica em relação com os demais seres humanos, incluindo familiares, amigos, necessitados, etc. (ver Mateus 12:12).
5. Melhoramos nossa saúde física e mental. Você já pensou alguma vez o que seria da nossa vida sem o sábado? Mesmo não desfrutando das bênçãos espirituais do sábado, o benefício para a saúde física e mental já compensa a sua observância.
Conclusão – O sábado é, em realidade, o santuário de Deus no tempo; e, como filhos de Deus, somos convidados a adentrar semanalmente esse santuário, “para contemplar a beleza do Senhor e meditar no Seu templo” (Salmo 27:4). Somos instados pelo profeta Isaías a nos tornarmos reparadores “de brechas” e restauradores “de veredas”, testemunhando aos outros das bênçãos que advêm de deixarmos de lado os nossos “próprios interesses” para nos deleitar “no Senhor” (Isaías 58:12-14).
Por que não elevamos aos Céus o nosso pensamento, cada sábado, em louvor ao nosso Grande Criador-Redentor? “Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a Terra é o Teu nome!” (Salmo 8:1 e 9). “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o Seu exército de estrelas, todas bem contadas...” (Isaías 40:26). Porque “os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de Suas mãos” (Salmo 19:1). Permitamos que cada sábado seja uma bênção em nossa experiência, restaurando em nós o genuíno espírito de louvor e gratidão a Deus.
Referências
1. Abraham J. Heschel, The Sabbath: Its Meaning for Modern Man (New York: Noonday Press, 1951), pág. 12.
2. Sakae Kubo, God Meets Man: A Theology of the Sabbath and Second Advent (Nashville, TN: Southern Publishing Association, 1978), pág. 24.
3. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, 14a ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995), págs. 47 e 48.
4. Kubo, págs. 23 e 24.
5. M. L. Andreasen, The Book of Hebrews (Washington, D.C.: Review and Herald, 1948), pág. 173.
6. Alberto R. Timm, “El significado del concepto de descanso en Hebreos 3 y 4”, Theologika (Peru) 10, n0 2 (1995), pág. 222. Ver também: Alberto R. Timm, “O Sábado na Experiência da Salvação”, Revista Adventista, abril de 1985, págs. 11-13.
7. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, 17a ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990), pág. 283.